Aula Inaugural do curso de formação para professores que atuam em turmas de distorção idade/série.
A serra
Quando eu era menina, uns tios e
seus filhos vieram residir na casa de meus pais. Minha prima e eu costumávamos
discutir continuamente enquanto nos desobrigávamos das tarefas da casa.
Como eu era a mais velha, tinha
a pretensão de querer ensinar-lhe a fazer as menores coisas, o que, é claro, a
contrariava.
Um dia, depois de ter assistido
a uma dessas cenas, o nosso avô levou-nos ao fundo do quintal, onde havia uma
pilha de lenha. A seguir, apanhando o mais grosso dos tocos de madeira
disse-nos em tom sério, porém sem nenhuma zanga:
- O toco deve ficar no meio.
Vocês apanhem a serra, cada uma de um lado e comecem a serrá-lo.
Ficamos ambas atônitas, mas
imediatamente obedecemos.
A serra era uma dessas comuns no campo, acionadas por duas pessoas que ora empurram, ora puxam.
A serra era uma dessas comuns no campo, acionadas por duas pessoas que ora empurram, ora puxam.
Comecei a serrar, o mais depressa que podia, mais
uma vez desejosa de provar que minha prima não era capaz de fazer o mesmo.
Mas, a cada vez que eu empurrava
a serra para trás, mais depressa do que ela, a lâmina metálica se curvava e eu
perdia o equilíbrio.
Percebi então que, serrando à mesma velocidade que
ela e sempre com força igual, o trabalho progredia melhor.
Estávamos mortas de cansaço
quando terminamos o trabalho, porém tínhamos sincronizado perfeitamente os
nossos movimentos.
Vovô aplaudiu quando o toco se
abriu em dois pedaços e nos explicou sorrindo:
- vocês conseguiram levar a bom termo a tarefa e
nisso não existe nenhum mistério. É que vocês trabalharam em harmonia. Quando
tiverem um trabalho a fazer, lembrem-se de que, trabalhando juntas e com
esforço igual, tudo se tornará mais fácil e mais rápido.
Nunca pude me esquecer daquilo.
E como, na vida, a maioria das tarefas que nos cabem envolve outras pessoas, eu
me lembro daquele toco e procuro aplicar mais uma vez, com alegria e bom humor,
a lição da harmonia.
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